Relacionamento conjugal durante a gravidez

A psicóloga Francisca Klöckner, especialista em psicoterapia de casal, explica o motivo da gravidez ser considerada um acontecimento que redefine a relação conjugal

Por  Karina Constancio - CBN

De acordo com ela, além de um momento marcante na vida familiar, o período da gravidez traz mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que influencia tanto a dinâmica psíquica do casal como a própria relação conjugal, especialmente quando se trata do primeiro filho. “A gravidez contribui para que haja uma mudança nos papéis e na identidade do casal, pois além de terem que aprender a ser pai e mãe, eles terão que conciliar os papéis para atenderem as suas necessidades e as do bebê. Essas tarefas se somam com a necessidade de lidar com questões referentes à educação dos filhos, ao sustento financeiro e à divisão de tarefas domésticas”.

Como essa fase exige adaptação e reorganização por parte de toda a família, alguns conflitos podem ser desencadeados. Dentre eles, um dos mais importantes são as mudanças no corpo da mulher e, consequentemente, o impacto disso na vida sexual do casal. “Algumas mulheres se sentem atraentes e poderosas durante a gestação, enquanto para outras o corpo grávido é sentido como estranho. É possível que a mulher sinta o bebê como um intruso e passe a rejeitar, temporariamente, o homem que a engravidou. Por mais que a mulher se alegre com a experiência da gravidez, ela terá que modificar alguns hábitos e se vê impedida ou com dificuldade de exercer algumas atividades. Deste modo, a gestante experimenta a sensação de que não tem controle sobre seu corpo”, destaca Francisca.

Do ponto de vista dos homens, a psicóloga revela que ao mesmo tempo em que sentem orgulho de sua fertilidade, eles vivenciam sentimentos de tensão, pois como pai a responsabilidade será aumentada. 

Há homens que procuram evitar manter relações sexuais durante a gravidez, pois pensam que o bebê pode ser prejudicado. Outros evitam o envolvimento sexual por julgarem que o corpo da mulher passa a ser considerado sagrado durante a gestação”.Entendendo o relacionamento durante a gravidez

A psicóloga também alerta que é comum surgirem conflitos por causa do ciúme em relação ao bebê.

“Como é no corpo da mulher que o bebê se desenvolve, o ciúme é mais comumente vivenciado pelo pai, que pode se sentir ‘deixado de lado’ e excluído da relação”.Os pais podem se sentir deixados de lado

 

 

 

 

 

 

 

Para lidar da melhor forma com as mudanças, Francisca aconselha que o casal tenha maturidade para conciliar as atividades e os papéis desempenhados por cada um dos cônjuges. Para isso, é necessário que sejam estabelecidas prioridades para que ninguém seja negligenciado. “O casal precisa ficar atento para não relegar a relação conjugal a um segundo plano e não permitir que a unidade do casal seja prejudicada, pois com o tempo e a chegada de outros filhos pode ficar ainda mais difícil restabelecer o elo perdido”.

Nesse contexto, a maneira com que o casal passa por essa fase pode levar consequências para o futuro da relação. Segundo a psicóloga Francisca Klöckner, o futuro da relação conjugal após a gravidez depende muito de como o casal vivencia essa experiência. “Se o casal possui um efetivo envolvimento emocional e se unem para viver juntos esse processo, como sendo a gravidez de ambos, normalmente o vínculo entre eles será cada vez mais sólido. A partir do momento em que o casal assume a gravidez e se responsabiliza por ela, não se trata mais de um homem e uma mulher formando um vínculo a dois, mas de um pai e uma mãe ampliando e fortalecendo esse vínculo com a entrada de um terceiro, o filho, que não vem dividir o amor e sim multiplicar”.