Problemas de fertilidade podem prejudicar relação sexual

Mulheres com problemas de fertilidade podem apresentar dificuldades em ter relações com o parceiro 
 

Por https://vidaeestilo.terra.com.br

O prazer da relação sexual pode ser afetado quando a reprodução é o maior, e mais complicado, objetivo do casal. Em algumas situações, mulheres com problemas de fertilidade podem apresentar dificuldades em ter relações com o parceiro. 

Pesquisadores da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, apresentaram em outubro um estudo no encontro da Associação Americana de Saúde Pública que indica que mulheres que passam por tratamentos de fertilização in vitro (FIV) teriam menos satisfação sexual e redução da libido do que as mulheres que não se submetem ao procedimento. 

A pesquisa tem como base um questionário online respondido por 270 mulheres, entrevistas com 127 homens e mulheres em tratamento de FIV e com 70 profissionais, como enfermeiros, especialistas em saúde mental e médicos. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a infertilidade é definida como a incapacidade de o casal engravidar naturalmente após um ano ou mais de relações sexuais regulares e sem uso de anticoncepcional. Para conseguir a gravidez, então, muitos casais optam pelos processos de reprodução assistida, como a FIV. 

"As tentativas por vias naturais já desgastam a relação sexual. O foco do casal é a busca do filho, não o prazer sexual. Essa mudança de foco gera um estresse maior e afeta a relação", afirma Virgínia Toni Felippetti, psicóloga e sexóloga da Clínica Conception, de Caxias do Sul (RS), especializada em reprodução humana. 

Os casais que optam pela FIV costumam ter passado por frustrações e desgaste emocional pelas tentativas malsucedidas. A ansiedade em relação ao resultado da FIV também pode ter impacto. "O procedimento em si é bastante desgastante, por causa das expectativas e das taxas de gravidez, que giram em torno de 30%. A falta de desejo sexual é vinculada à ansiedade", comenta a psicóloga. 

O estudo aponta que essas mulheres são mais propensas a ter dificuldade de chegar ao orgasmo e apresentar problemas sexuais, como dor ou secura vaginal. Segundo a psicóloga, essas características levam alguns casais a interromper as relações sexuais durante o tratamento - o que pode ter impacto no relacionamento do casal. 

"Nem sempre o homem entende isso. Às vezes, ele não aceita muito bem a recusa", diz. Alguns homens, no entanto, também podem apresentar problemas sexuais durante o tratamento, por conta da tensão - como disfunção erétil ou ejaculação precoce. 

O uso de hormônios durante o tratamento também pode interferir na libido feminina, devido a alterações de humor, do sono, da alimentação e outros fatores, como inchaço abdominal e retenção de liquido. O estudo comenta que o efeito desses medicamentos no desejo sexual não é tão conhecido e estudado. 

Lidando com a situação
O relacionamento sexual é muitas vezes deixado de lado nas conversas a respeito do tratamento, mas é importante que ele seja discutido pelo casal e pelos profissionais. Os pesquisadores afirmam que os especialistas em reprodução devem orientar os pacientes sobre as possibilidades de problemas sexuais pelo tratamento e aconselhá-los quando esses problemas se apresentarem - indicando produtos que aliviariam os sintomas, como lubrificantes, ou a ajuda de outros profissionais, como psicólogos ou sexólogos. 

"O apoio psicológico é fundamental. É um suporte que a gente dá à pessoa para que ela se desenvolva melhor", acredita Virgínia. 

De acordo com a psicóloga, é importante manter relações sexuais, o que fortalece o vínculo afetivo entre os dois, porém elas não devem ser forçadas. "Se ela estiver com dores ou medo, se é algo que vai gerar mais ansiedade, aí a gente orienta que é apenas um período pelo qual eles vão passar. Eles não vão ter o ato sexual, mas podem manter o carinho e o afeto", diz.