PARTO - Parte II (Texto do Livro Gravidez Saudável)

O parto normal
 

Do Texto do Livro Gravidez Saudável – Guia Prático da Gestação ao Bebê - https://www.partosaudavel.com.br/

Clinicamente o parto é dividido em quatro períodos:

• 1o período (da dilatação do colo uterino);

• 2o período (da expulsão do bebê);

• 3o período (da dequitação);

• 4o período (da observação materna pós-parto).

 

O primeiro período (dilatação)

Para enfrentar melhor o trabalho de parto, tente pensar nas contrações como se tivesse que subir a pé uma montanha com toda sua disposição e esforço, porém tendo se preparado bem para isso, determinada a alcançar o seu topo apesar da distância, obstáculos, riscos e cansaço, mas certa de que terá uma enorme compensação, satisfação e felicidade por conseguir chegar lá e enfim admirar a sua maravilhosa paisagem bem do alto, além de depois poder descansar sentindo, acima de tudo, que valeu a pena e que você é uma vencedora!

Durante o trabalho de parto, para ajudar a si mesma ao sentir as contrações, procure não pensar nelas apenas como uma dor ruim, mas sim como o caminho a ser percorrido para atingir seus objetivos, obtendo a dilatação necessária e o sucesso no parto. Isso faz parte do processo natural de nascimento, que deveria se ter “consciência” desde o início da gravidez para um preparo adequado, inclusive emocionalmente.

Tudo na vida tem seu preço!

O segundo parto em diante tende a ser mais rápido e mais fácil. A dilatação do colo uterino ocorre de modo mais acelerado (em torno de 1,5 cm/hora) e psicologicamente você deverá estar mais segura e com menos medo, por ter a sua própria experiência e consciência de todo o processo, principalmente se já teve um parto normal anterior.

No caso de o outro parto ter sido cesárea isso poderá não ocorrer, o que tende a deixá-la insegura, desanimada ou mesmo achando ter algum problema que impeça a tentativa de um parto natural. Nesta circunstância, entra o papel do obstetra, fundamental para lhe dar o suporte necessário para enfrentar um novo trabalho de parto com tentativa de parto normal. Ressalta-se novamente a grande importância de saber e ter sido bem explicado o real motivo da indicação da cirurgia anterior.

De qualquer modo, lembre-se de que a gestação e o parto serão sempre diferentes um do outro, até na mesma mulher. Se você já teve uma experiência ruim anteriormente, isso não significa que será sempre assim. Procure entender o que aconteceu esclarecendo todas as suas dúvidas e converse com seu médico para que ele possa tranqüilizá-la.

A dor de parto varia de mulher para mulher e de gestação para gestação, de acordo com diversos fatores: limiar individual, grau de relaxamento, condições do

ambiente, apoio de familiares e profissionais, confiança e segurança no médico, preparação prévia, e outros tantos. É também diretamente influenciada por mecanismos psicológicos e emocionais, como medo e tensão, que faz aumentar ainda mais a dor, num círculo vicioso.

No decorrer do trabalho de parto, principalmente no seu primeiro período, a dilatação, tente ficar em posições nas quais se sinta mais confortável.

Evite descansar de costas com a barriga para cima por muito tempo, permanecendo, quando deitada, na posição de lado. Se quiser, poderá andar enquanto agüentar ou tomar longos banhos de chuveiro com água morna, sentada ou de pé.

Seu companheiro pode ajudar nessa hora lhe dando apoio, conforto e estímulos

positivos, para aumentar assim a sua confiança e tranqüilidade. Será útil também segurar a sua mão, massagear as suas costas ou abdome, e ajudar a mudar de posições. Servirá ainda de apoio para andar ou simplesmente para ouvi-la nesse momento tão especial.

Tente se distrair conversando, lendo ou mesmo ouvindo música, enfrentando uma contração de cada vez, sem temer a próxima. Caso sinta vontade, urine com freqüência para que a bexiga cheia não atrapalhe a descida do bebê. Fale com seu médico sobre formas de aliviar as dores ou mesmo solicitando a “analgesia de parto”, sempre que for possível

Se nessa fase suas contrações estiverem fracas ou fora de ritmo, o médico poderá acelerar o trabalho de parto e o nascimento introduzindo, na sua veia, um soro com medicamento (um hormônio chamado ocitocina), ou mesmo rompendo a bolsa, caso ainda esteja íntegra, para melhorar as contrações e auxiliar no processo de dilatação.

É papel do obstetra dar apoio, incentivo e segurança, abreviando o nascimento quando possível, aliviando a sua dor, para que todo esse processo esteja dentro do seu limite de tolerância e se transforme num acontecimento plenamente satisfatório e compensador.

Geralmente quando perguntamos à parturiente se ela prefere ter contrações fracas, determinando um trabalho de parto mais lento, ou contrações mais fortes e intensas, mesmo que mais dolorosas, porém levando a um nascimento acelerado, a grande maioria prefere o parto mais rápido. Procure colaborar ao máximo, entendendo e participando de tudo.

Uma das técnicas de relaxamento que pode ser usada no período de dilatação é a respiração: no começo e no fim de cada contração, respire de forma profunda e ritmadamente, inspirando (enchendo) pelo nariz e expirando (soltando) pela boca, para aumentar a oxigenação para você e o bebê, tentando, no pico da contração respirar mais levemente, inspirando e expirando somente pela boca. Respire, assim, só nas contrações mais fortes e não por muito tempo seguidamente, para não atrapalhar a adequada oxigenação do bebê. O ideal é que você tenha treinado anteriormente com seu médico no pré-natal ou em cursos preparatórios para o parto.

Nessa etapa o mais importante é saber aguardar e ter muita paciência. Afinal, você se preparou durante nove meses para esse momento, podendo suportar as próximas horas. Guarde toda sua força para o período seguinte, de expulsão do bebê, quando será fundamental a sua ajuda.

 

O segundo período (expulsão)

O primeiro estágio do parto, fase da dilatação, termina quando o colo uterino está totalmente dilatado, ou seja, com cerca de 10 centímetros, e pronto para a passagem do bebê, que coincidirá com as contrações mais fortes e dolorosas, dando início, assim, ao segundo período, da expulsão e saída do seu bebê.

Nessa fase em que ele desce mais rapidamente, você poderá começar a sentir uma sensação de peso ou pressão no ânus, como se estivesse para evacuar. Quando isso ocorre, geralmente a cabeça já está bem baixa na vagina e o nascimento muito próximo, seja sozinho, por meio de toda a sua força no “parto normal”, ou com a ajuda do obstetra por meio do uso do “fórcipe”.

Durante o período expulsivo, você sentirá naturalmente vontade de fazer muita força empurrando o bebê para fora, porém a força expulsiva só deve ser feita junta e no auge das contrações uterinas, num esforço conjunto, auxiliado e coordenado pelo médico. Esse período dura até uma hora, se for seu primeiro filho, podendo ser mais prolongado se você estiver sob efeito da anestesia.

Antes que você seja anestesiada é importante aprender e treinar, com a ajuda do obstetra, o esforço expulsivo do parto e a forma certa de fazer a força da prensa abdominal, para que saiba colaborar corretamente quando não sentir mais as contrações dolorosas como referência. Isso ajudará também a reduzir o tempo para o nascimento, beneficiando você e o bebê.

O segundo estágio (período expulsivo) do trabalho de parto se inicia quando o colo do útero está totalmente dilatado e você pode começar a fazer força. Esse estágio é bem mais gratificante do que o primeiro, porque seu esforço unido às fortes contrações do útero ajuda você a empurrar o bebê para fora. O médico deve orientá-la a fazer força no momento certo, estimulando-a.

Muitas vezes para se conseguir a saída e o desprendimento final da cabeça do bebê poderá ser necessário, após avaliação criteriosa, fazer-se a episiotomia na tentativa de protegê-la contra lesões genitais e perineais, e para auxiliar o nascimento que se prolonga, principalmente se esse é o seu primeiro parto, ou o bebê for prematuro ou muito grande.

Após o parto vaginal (normal ou fórcipe) é comum o bebê apresentar um inchaço na cabeça, conhecido como “bossa serossangüínea”, em virtude da passagem pelo canal de parto e vagina. Ela será reabsorvida espontaneamente, sumindo em poucos dias.

Tenha sempre em mente que o período expulsivo e as “dores” acabam quando o bebê nascer. Nesse momento você sentirá uma agradável sensação de missão cumprida e de ter seguramente feito tudo e o melhor pelo seu filho.

Portanto, não desanime, nem desista fácil. Pense positivamente, com otimismo, e use sua força interior. Você pode e conseguirá.
 

O terceiro período (dequitação)

Parabéns, você conseguiu!

Logo após o nascimento começa o terceiro estágio, também chamado de dequitação, secundamento ou delivramento, caracterizado pela separação e expulsão da placenta com a sua saída pela vagina. Nessa fase, você ainda poderá sentir algumas contrações, embora mais fracas, que determinarão o descolamento da placenta e membranas amnióticas do útero, com sua posterior descida e expulsão pelos genitais.

O médico ajudará no processo de dequitação, caso seja necessário, massageando sua barriga e fazendo pressão com uma mão no fundo do útero para auxiliar as contrações, enquanto puxa a placenta para fora.

Posteriormente deverá examinar a placenta, verificando se está completa.

É comum, após o parto, você sentir um pouco de tremores e calafrios passageiros.

Esses tremores acontecem em decorrência de uma adaptação do seu organismo às mudanças de temperatura pela perda calórica durante o trabalho de parto e parto, sendo esses mais exacerbados após parto com anestesia.

Aproveite esse momento para descansar e se recuperar.

Os principais riscos e complicações maternas nesse período são a hemorragia pós-parto e a retenção placentária. Finalmente, será feita rotineiramente a revisão do canal de parto a procura de possíveis lesões de trajeto, para suturá-las, quando for necessário.