FEBRE. ALIADA OU INIMIGA?
Seu filho está com febre, não tem apetite nem quer brincar. O que você faz? Trata imediatamente? Liga para o médico? Apesar de não haver relação entre temperatura e gravidade da doença, a ansiedade.
Por Crescer - https://www.pediatriaemfoco.com.br
O que causa a febre?
Na maioria das vezes, a febre é uma reação do corpo à invasão do organismo por vírus ou bactérias. Cerca de 90% delas são causadas por infecções virais que não precisam de qualquer tratamento médico, como gripes ou resfriados. Nessas situações, o cérebro libera substâncias que elevam a temperatura do corpo de forma controlada até, no máximo, 42 graus.
Para que ela serve?
A febre é uma reação de proteção do organismo. O aumento da temperatura ativa o metabolismo e acelera a reação dos glóbulos brancos, que funcionam como soldados defendendo o corpo do vírus ou da bactéria.
Quando devo usar os antitérmicos?
Normalmente, medica-se a febre a partir dos 37,8 graus por uma questão de custo-benefício: acima dessa temperatura, a criança tende a ficar abatida, com frio e corpo dolorido. Algumas vertentes da homeopatia e da antroposofia valorizam tanto os aspectos benéficos que nem chegam a tratá-la. Em geral, se o seu filho está bem disposto, os pediatras garantem que não há necessidade de baixar a febre, a não ser em casos especiais, como hipertensão, cardiopatias ou histórico de convulsões. Isso porque quem sofre com esses problemas não deve se expor, especialmente, à aceleração dos batimentos do coração provocada pela febre.
Qual é o problema de medicar antes da hora?
Você toma antibiótico sem ser preciso? O raciocínio é idêntico. Não há necessidade de antitérmico antes dos 37,8 graus. Além do mais, quem força a redução da temperatura precocemente não permite que o organismo dê a largada nos mecanismos de defesa e pode acabar facilitando a vida do inimigo invasor. Também fica sem informação. Não sabe, por exemplo, qual teria sido o pico da febre.
Como funcionam os antitérmicos?
Estudos científicos não apontam diferenças entre a ação da dipirona (princípio da Novalgina) e a do paracetamol (do Tylenol). Em qualquer caso, o esperado é que a febre abaixe em, no máximo, duas horas. Esse tempo pode variar se o remédio foi dado quando a temperatura ainda estava em elevação. Siga rigorosamente os intervalos prescritos para evitar uma intoxicação. Uma alternativa para depois do remédio é dar um banho morno (nunca frio). O melhor é quando as mãos e os pés tiverem voltado a se aquecer. Caso contrário, a criança vai sentir calafrios.
Toda elevação de temperatura é febre?
De fato, todos os dias ocorrem variações de um grau na temperatura. Geralmente, a mais baixa é de madrugada e a mais alta, no final da tarde. A febre é a elevação da temperatura acompanhada de extremidades geladas, sensação de frio, ausência de suor e aceleração dos batimentos cardíacos.
Se quando a criança está com febre o corpo gasta mais energia, por que o apetite diminui?
Como o corpo está mobilizando todas as suas energias para derrotar o inimigo, ele sabe que não deve perder forças com a digestão. Daí que a redução do apetite faz parte do mecanismo de defesa. As dores no corpo e o mal-estar têm o mesmo propósito, o de obrigar o doente a poupar energia para o que realmente importa naquele momento. As crianças, impulsionadas por sua interminável curiosidade, são mais suscetíveis à falta de apetite do que ao abatimento.
Por quanto tempo é normal ter febre sem saber a causa?
De forma geral, se a febre vai e volta, é bom que a criança seja examinada por um médico em 12 horas, caso esteja muito caída, ou até 24 horas, se o seu estado geral for bom. Freqüentemente, os médicos esperam de três a cinco dias para iniciar uma investigação mais profunda porque esse é, em média, o período de incubação das doenças. Depois disso, pedem-se exames de sangue e de urina, e outros, dependendo do estado geral da criança.
Por que a febre pode levar a convulsões?
As convulsões febris são um reflexo da imaturidade do sistema nervoso da criança entre os 6 meses e os 2 anos, mas podem acontecer até os 6 anos. O problema afeta de 3% a 4% das crianças e o risco tende a desaparecer mais cedo nas meninas. A boa notícia é que em apenas um terço dos casos as convulsões se repetem. Elas não têm relação com febre muito alta, costumam surgir durante o período em que a temperatura está em elevação. A crise pode durar de alguns segundos a três minutos, durante a qual a criança fica com o olhar parado, sem responder a estímulos, depois se debate e volta ao normal, sem apresentar seqüelas.
Febre mais alta quer dizer problema mais grave?
Não há qualquer relação entre a temperatura e a gravidade do problema. A temperatura varia de acordo com a pessoa e o tipo de doença. Se isso fosse real, os médicos certamente utilizariam esse parâmetro para triar os pacientes no pronto-socorro, por exemplo. Por isso, muita calma nessa hora. É preciso ter paciência para medicar na hora certa, pois como a febre é um sintoma, baixar a temperatura a qualquer preço pode não ser um bom negócio.